Nilson Thomé (2009) relata, entre 1908 e 1910, a ocorrência de uma corrente migratória composta por grande número de descendentes de negros e de indígenas vindos principalmente da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo como trabalhadores contratados para a abertura e construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande.
Estes fluxos migratórios para a região são fatores que para Thomé (2009) possuem grande relevância para o contexto da Guerra do Contestado, embora Machado (2008) acredite que a maioria dos trabalhadores eram majoritariamente da região do planalto catarinense, de regiões próximas do planalto do Rio Grande do Sul e do interior do Paraná devido à ausência de registros da movimentação destas oito mil pessoas.
Em ambas as hipóteses houve grande fluxo de circulação de pessoas na região durante este processo de construção da ferrovia e novo processo de ocupação e exploração da região pela companhia Southern Brazil Lumber & Colonization Co. Inc. Muitas pessoas ou foram expulsas de suas terras ou forçadas a trabalhar em condições impostas, no que Martins (1991) chama de "massa humana marginalizada".
A Guerra do Contestado, para este autor, foi uma negação do modelo de estrutura fundiária vigente, tanto que durante o conflito os revoltosos praticavam a queima de registros de terra e por parte dos opressores lhes foi oferecido em troca de rendição, partes de terras.
“Os que se rendiam pela promessa de terras acabavam massacrados, sem recebê-las” (MARTINS, 1991, p.46).
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