Adeodato Manoel Ramos, filho dos sertanejos Manoel Telêmaco Ramos, conhecido como seu Teleme, muito religioso e responsável por rezas na região e de dona Maria, falecida quando Adeodato ainda era pequeno. Nasceu em 1887, na localidade de São José do Cerrito, àquela época um distrito do município de Lages, Santa Catarina, desde 1961 município do Estado. Mudou com o pai, após a morte da mãe, para Curitibanos, atualmente Lebon Régis em Santa Catarina.
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Passaram a trabalhar como agregados na fazenda Rio Doce, nas proximidades do rio Trombudo. A fazenda era propriedade de Manoel Gomes Peppe, o Neco Peppe, homem que se tornou padrinho de Adeodato. Ao longo deste período na fazenda aprendeu a domar cavalos e a conduzir tropas de gado porcos a longa distância, continuou atividades de tropeiro até estar presente nos redutos em meados de 2014. No ano de 1906, com 19 anos, Adeodato casou-se no vale do rio Trombudo, no Distrito de São Sebastião das Perdizes, com Maria Firmina Conceição (MACHADO, 2001).
Ao ingressar nos redutos, Adeodato é novamente batizado, recebendo o nome de Joaquim José de Ramos, por Domingos Crespo, fazendeiro e tropeiro de Curitibanos. Machado (2008) reflete sobre a fluidez das relações de poder em regiões de fronteira possibilitarem laços flexíveis, diferente dos laços mais fechados nas regiões de ocupação mais consolidadas, assim, Adeodato foi rebatizado e também assassinou seu primeiro padrinho Neco Peppe, após este entregar nomes de sertanejos companheiros de Adeodato, ação que pode ser considerada impactante dentro das relações de compadrio (MACHADO,2008).
Em Santa Maria, Adeodato matou sua esposa e casou com Mariquinha sua comadre, viúva de Chiquinho Alonso. O velho Elias de Moraes, segundo Machado (2008), avisou a ocorrência de uma relação extraconjugal de Maria Firmina com um sertanejo conhecido como o negro Germano, motivo de Adeodato os ter executado. Santa Catarina ainda é um Estado muito violento para a mulheres, vale a pena assistir ao documentário "Sozinhas" - Violência contra mulheres que vivem no campo publicado pelo meio de comunicação Diário Catarinense.
Adeodato foi o último comandante geral do movimento sertanejo do Contestado, durante um período superior a treze meses. Registros de suas movimentações são encontrados em colunas de jornais do período da Guerra do Contestado, durante o ano de 1916 o Jornal o Dia publicava a coluna "Fanáticos" de foma recorrente. Ao longo dos dias 4, 6, 7 e 8 de janeiro de 1916 a coluna foi publicada diariamente noticiando capturas, rendições em massa e os passos de Adeodato.
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